terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Que futuro?



Tenho andado afastado deste blog por algum tempo, não porque não tenha assunto, porque isso arranja-se, mas por falta de tempo. Isto de se terem duas actividades profissionais, não é nada fácil. Enfim. Temos de nos adaptar. Começando um novo ano, cabe aqui deixar uma reflexão. Com o agravamento da crise que se avizinha, qual o futuro do karate em Portugal? Em conversa com alguns treinadores tem vindo "à baila" este tema que causa alguma apreensão justificada pela antevisão do panorama nacional. Quase todos com quem tenho falado me confidenciam que sofreram redução no número de alunos, alguns até dos mais antigos. É fácil perceber... quando se tem de cortar em alguma coisa corta-se naquilo que é, na visão da maioria, dispensável. É discutível se a prática desportiva, seja ela qual for, é dispensável, mas há que compreender este tipo de decisões. Isto está mau - é a "frase" do dia - não podemos chegar a tudo. Não é possível. 
O futuro deste país é uma incógnita com contornos negros. A chamada luz ao fundo do túnel parece não existir porque nem o túnel se vislumbra. É verdade que vêm aí tempos difíceis onde a solidariedade e a compreensão vão ser os requisitos mais  necessários tendo em conta o número elevado de desempregados que existe e a sua tendência para aumentar.
Somos  portugueses e este povo é conhecido pela sua capacidade de "dar a volta por cima". Já tivemos outras crises das quais saímos, fortes e empenhados. Esta é uma crise diferente, dizem muitos, mais grave. Sem dúvida que é. Não vai ser fácil e vai depender do empenhamento de todos, mas vai ser possível, acredito. Os efeitos colaterais desta crise vão ser, a meu ver, a perda definitiva de direitos que se levaram anos a adquirir e o empobrecimento acelerado que a população vai sofrer. Vamos ter de aprender com isto. Somos um povo corajoso mas também algo negligente. As coisas chegaram ao ponto em que estão não por culpa única dos sucessivos governos que foram incapazes de nos governar honestamente, mas por nossa culpa também. Todos tivemos culpa. Todos. A nossa mentalidade tem de mudar. A nossa atitude tem de mudar. A mentalidade dos trabalhadores tem de mudar no sentido de trabalhar melhor, não é mais, é melhor. A mentalidade dos empregadores tem de mudar - perceber que a dinâmica das empresas está na sua força de trabalho aliada à tecnologia. São as pessoas que fazem uma Nação. São as pessoas que movem ideias e que conduzem revoluções. São as pessoas que fazem os países evoluir. Temos de consertar aquilo que estragámos, e rapidamente. As novas gerações têm essa responsabilidade acrescida - fazer Portugal mudar. Nas empresas quem trabalha sem olhar a horas de entrada ou saída, é "graxista". Não se entende que o trabalho de uns depende do trabalho de outros e que, deixando tarefas a meio se impedem outros de começar as suas - isto implica perda de tempo e de recursos. Os empregadores têm de saber recompensar aqueles que se esforçam criando neles a motivação para se esforçarem mais. Acredito na reciprocidade - quem mais trabalha deve ser melhor recompensado. Isto cria motivação e "empurra" os outros a fazer o mesmo. As empresas estão mal muitas das vezes por culpa de quem nelas trabalha e quem as gere por falta de cooperação entre trabalhadores e empregadores. 
A nossa mentalidade tem de mudar e vamos mudar. Porque não pode ser de outra forma. Porque não há outra solução. Porque precisamos de deixar herança para os nossos filhos. Porque precisamos de voltar a sentir orgulho no povo que somos. Somo portugueses, aquele povo que não se amedrontou com as tormentas e rasgou os mares em busca de novos mundos. Somos o povo que empresta ao mundo algumas das melhores mentes que existem. Somos o povo que enriqueceu o mundo com as suas artes e o seu saber. Somos o povo responsável por tornar a sua língua falada num grande pedaço do mundo.
Vamos dar a volta - por cima - para mostrarmos quem somos, mas temos de "baixar a crista" e perceber que temos de mudar. Temos de, com verdadeira humildade, perceber que falhámos - todos sem excepção - e que temos de reparar os estragos. Temos de ter a força suficiente para fazer os nossos governantes desempenharem com honestidade e correção a tarefa para a qual os elegemos.  
Eu não estou disposto a abdicar daquilo que sempre me motivou a seguir em frente - um futuro estável e promissor. 

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