Na última postagem feita pelo meu amigo João Ramalho no seu blog, colocava ele uma questão pertinente:
Tendo em conta que alguns instrutores se dedicam única e exclusivamente à competição, negligenciando o treino de Kata tradicional (o termo é para diferenciar apenas do shitei kata) e alguns outros componentes do treino, como é que se processariam os exames de graduação a estes karatekas?
A questão além de pertinente, é um alerta, a meu ver, para aqueles que "vivem e respiram" competição. Estes treinadores tem todo o mérito por serem formadores de karatekas de competição, alguns com grande sucesso, mas que são apenas competidores a partir da altura em que o seu treino se resume a isso. Compreendo que os treinos de competição sejam bastante absorventes deixando pouco tempo livre para treinar o karate tradicional, mas isso é um problema a resolver, a meu ver, pelo treinador. Agora, fazer um exame de graduação a dois karatekas - um que faz o treino total de karate com todos os seus componentes e outro que apenas faz kumite de competição - e atribuir uma graduação igual, não concordo. O Karate não se "vende às fatias", é um todo. É uma disciplina que envolve muitos conceitos e muitas vertentes que se interligam. É uma disciplina que requer o envolvimento total do karateka na aquisição de novas técnicas e no aperfeiçoamento das já adquiridas. O arsenal técnico do karate "completo" promove a multi-adaptação a várias situações de combate que não se revêm só na competição, na minha modesta opinião. Promover dois sistemas de graduação é dividir o karaté em dois. Então o que fazer? Na minha opinião, o programa de exames deve ser único e intocável. Se o karateka deseja fazer competição, que o faça mas sem prejuízo do seu treino dito tradicional, com todas as componentes que o constituem e que participe num exame de graduação onde lhe seja exigido tudo o que faz parte do programa de avaliação.
Opinião pessoal, nada mais...
Opinião pessoal, nada mais...
Caro amigo Zé Ramalho:
ResponderEliminarHá aqui duas situações a discernir:
A primeira é a dos treinadores que se dedicam única e exclusivamente à competição. Esses que façam as suas graduações como quiserem, pois terem miúdos a fazerem shitei kata de Goju, nomeadamente Sepai, não estão a fabricar mais que enlatados... - Quem começa a treinar (friso: treinar!) aos 6 anos, chega à Sepai por volta dos 15 ou 16... - No kumite muitas vezes estes treinadores enviam para o tatami "carne para canhão" pois vê-se bem que estes competidores nem as regras sabem...
A segunda é a dos treinadores que para além de treinarem todas as vertentes do Karaté ainda conseguem sacrificar muito do seu tempo - e às vezes sem qualquer retribuição económica - ao treino de competição. É difícil? É, eu sei disso!!...
Ainda por cima quando os seus competidores são obrigados a treinar Saifa e Sepai de duas formas diferentes - explicar-lhes isso, fazê-los compreender, discernirem entre uma e outra... dá muito trabalho. Quanto ao kumite tanto se treina o jyu kumite como o shiai kumite - e aqui o kumite passa a ser um jogo jogado: há que ter em conta regras e arbitragem. Mais uma vez é uma questão de tempo, de disponibilidade e de dedicação.
Estes fazem as suas graduações segundo o "karate tradicional" como lhe chamas. Nestes casos a competição não é chamada para as graduações...
Mas se um treinador verifica que tem praticantes com apetências e capacidades para a competição, se estes se mostram motivados para tal e se as condições se propiciam, não deve ser o treinador a "cortar-lhes as pernas". A competição é só uma parte - e limitada - do Karaté.
"Agora, fazer um exame de graduação a dois karatekas - um que faz o treino total de karate com todos os seus componentes e outro que apenas faz kumite de competição" começa logo por um erro metodológico e/ou de gestão do(s) treinador(es) e do júri de examinação - não é possível comparar coisas diferentes!
Mas também é só uma opinião pessoal, vale o que vale...
Grande abraço!
Eu pratico Karate e espero ser assim examinado. Apenas por acaso não faço competição. Sei que sou muito rápido, muito forte e um excelente tecnicista (entendam que isto é dito em tom erótico...as iludências aparudem).
ResponderEliminarTambém pinto (nas horas livres) e cozinho.
Quando for a exame de graduação de Karaté, tudo o que faço para além do karaté deve ser ignorado. O mesmo vale para quem só faz competição.
Esta não é uma opinião, é "A" opinião!
Abraços e não se limitem ao karate. Segundo o Elvis há vida pralém da morte.