Não me levem a mal... eu respeito todos. Karate é karate...excepto quando não é karate! Eu passo a explicar: assisti a uma demonstração de karate que teria, entre outras coisas, a finalidade de divulgar a arte. Ora bem... eu gosto de pensar que pratico karate... pelo menos ando nisto há alguns anos. No entanto alguém me disse há algum tempo que um gajo que é mau carpinteiro, se continuar na profissão, com o passar do tempo, será um experiente mau carpinteiro. Sendo assim deixo aqui esta reserva - posso andar nisto há algum tempo mas não ser bom "carpinteiro", mas...acho que ainda sei reconhecer as virtudes da arte que abracei há mais de duas décadas. O que vi naquela demonstração foi uma forma artística com "notas"de karate.
Não tenho nada contra as katas musicais nem contra os mawashi´s em círculo ao estilo Jean Frenette - acho até engraçado, mas qualquer semelhança com karate é pura coincidência. Posso ter assistido a uma demonstração preparada para ser um entretenimento e não tenho nada contra isso, se assim for. Agora se aquele é o karate "diário" de um Dojo, vão-me desculpar mas não vejo utilidade nenhuma naquilo e a eficácia, a meu ver, é duvidosa.
Quando se demonstra o karate, pelo menos comigo é assim, deve-se mostrar aquilo que é a sua essência - o trabalho de concentração, uma kata executada com todos os ingredientes e um kumite onde sobressaia a eficácia se aplicado em toda a sua pujança. Uma demonstração onde todos os intervenientes saltitam constantemente e aplicam uma espécie de "tsukis" ao som de música, é unicamente espectáculo e se assim for, tudo bem, ficamos com o espectáculo, mas é divulgação de karate? Penso que não.
Há, no entanto, lugar para todos. Se aquele é o karate com o qual as pessoas se identificam, óptimo! Para as crianças pode até ser útil porque tem uma componente ludica válida e aí, tudo bem, mas é pena se ficar por ali... tem de haver mais qualquer coisa.
Voltamos aqui à eterna questão: Estará o karate onde a espectacularidade se impõe à eficácia, a assassinar barbaramente o karate tradicional?
Quando assisto a demonstrações deste tipo fico a pensar se serei eu que estou no caminho errado, porque é o que se vê mais.
Não estou aqui a censurar outras visões e posturas relativamente ao karate
Uma coisa é certa... quando vou assistir a uma demonstração de karate, estou à espera de ver karate. Não se trata de uma questão de fidelidade ao estilo porque já vi excelentes demonstrações de karate de estilos diferentes do meu onde se mostrou verdadeiro karate.
Aquilo foi...bem...foi qualquer coisa, mas karate... duvido!
Aquilo foi...bem...foi qualquer coisa, mas karate... duvido!
Caro amigo:
ResponderEliminarQuase que me apetece dizer-te que "é a vida!"
Umas vezes vamos à espera de ver karaté e... não vemos karaté!
Outras vezes vamos à espera de votar e... não votamos!
Fernando Tenreiro, no seu blog «O Desporto e a sua Economia», embora num contexto ligeiramente diferente, dizia há uns dias:
"Há quem considere com sabedoria antiga questões alternativas como as seguintes:
- Porquê mudar se a máquina funciona bem?
- Porquê mudar se há pessoas que funcionam com esta máquina tão bem?
- Porquê mudar se há parceiros que pagam para a máquina e os seus resultados?"
Vale a pena pensar nisto... E BEM!
Grande abraço!
Isto faz lembrar a história da jornalista que vai a um restaurante topo de gama e pede ao escanção para lhe decantar um pacote de vinho de cartão.
ResponderEliminarÉ vinho? é! bebemo-lo? Não.
Concordo consigo, aquilo que viu seria uma espécie de Karate?? ou não era mesmo Karate aliás a este propósito tenho um post de 2006 que já expressava a minha opinião que vale o que vale, aqui fica...
ResponderEliminarhttp://karlosdo.wordpress.com/2006/09/18/as-tres-formas-de-karate%e2%80%a6-depois-de-ler-uma-not/
Muito boa tarde!
ResponderEliminarAqui venho deixar o meu parecer enquanto monitora de “uma forma artística com “notas” de karate”, ao que parece o que lhe chamam por estes lados…porque para os lados do Karate a nível nacional e internacional, não há qualquer modificação nem do nome, nem do som e muito menos do significado. Não querendo deixar de agradecer a sua presença no evento.
Quando se lê “mas não vejo utilidade nenhuma naquilo e a eficácia, a meu ver, é duvidosa”, rapidamente associo esta referência a uma pessoa fora dos parâmetros e do programa desenvolvido pela Federação Portuguesa de Karate. Com todo o respeito pelos grandes mestres de longos anos de prática, porque tenho, aceito de braços abertos quando dizem que no tempo deles o desenvolvimento da prática era diferente, no entanto, não vamos julgar a essência nem a eficácia, pois, há vinte e trinta anos atrás meus senhores não havia a qualidade de treino, que hoje existe.
Penso que seja de senso comum, que crianças dentro de uma área tão sensível de desenvolvimento psicomotor e de relacionamento interpessoal como são as idades abrangidas dos 4 aos 9, 10 anos (idade em que começam a definir as características e valores morais), não se lhes deva ser imposta uma metodologia inflexível, de “kata executada com todos os ingredientes e um Kumite onde sobressaia a eficácia se aplicado em toda a sua pujança”.
Isto posteriormente será adquirido através de uma estimulação saudável e apetecível, onde a criança – adolescente – jovem – adulto, entenderá progressivamente o uso correto para todas as capacidades apreendidas. Ficando ao encargo de cada um quais os corretos valores e capacidades a serem desenvolvidas.
Assim possibilitamos as nossas crianças, de terem um largo leque de aptidões, que se traduzirão em excelentes prestações com todos os parâmetros necessários para a prática.
E não duvide porque o que assistiu, foi mesmo Karate! ;)
“O treino deve ser da criança para o adulto”.